
Interessante, o jogo de hoje no Dragão. Mostrou o FC Porto com uma imagem personalizada como Lopetegui pretende, com as trocas de bola bem feitas na zona recuada, movimentações interessantes no meio-campo e jogo pelas alas para tentar abrir o adversário. E também mostrou o FC Porto na sua vertente mais aborrecida, com movimentações interessantes no meio-campo e jogo pelas alas para tentar abrir o adversário…raramente o conseguindo. É este o nosso futebol em Janeiro de 2015, com valores extremos de posse de bola mas alguma falta de audácia para conseguir transformar essa posse em algo que de facto dê frutos. Apesar dos quatro golos, claro. Mais abaixo, siga para as notas:

(+) Jackson. Ultrapassou Hulk e transformou-se no melhor marcador da história do Dragão. Longe dos valores de Gomes, Jardel ou até do papá do rapaz que hoje o substituiu, é um nome que vai ficar para sempre associado a golos. E raramente são banais, dos que nos esquecemos tão depressa como um prato de bifes de perú grelhados com pouco sal. São estes como os de hoje (especialmente o segundo), que fazem com que tenha ganho a reputação do “gajo que marca os difíceis e falha os fáceis”. Sem os exageros de uma análise a quente, é um ponta-de-lança quase completo, bom de cabeça, tecnicamente excelente e com jogo de equipa para vender em alta cotação. Parabéns, puto.
(+) Ruben Neves. Já que falamos em putos, temos aqui um espécimen de elevadíssima qualidade que colocámos este ano na primeira linha dos Jorges Mendes sequiosos pelo novo grande talento. Temos por isso um menor (a sério, o puto só tem mesmo 17 anos, confirmem no zerozero como eu tive de confirmar) que mostra talento e qualidade de execução ao alcance de poucos no futebol mundial e cada vez menos cá pelo burgo. A forma como joga de cabeça levantada, mantendo a noção de uma estratégia completa, faz do relvado um tabuleiro de Risco onde planeia a próxima incursão com inteligência, critério, capacidade criativa e espírito de sacrifício. Meu Deus, a forma como o rapaz lateraliza a bola é de fazer Pirlo corar, de sentar Gerrard no banco de suplentes e de mostrar a Matthaus como se joga à bola. Estou a ser exagerado? Dêem-lhe uns aninhos e logo veremos.
(+) Gonçalo. Celebrou o primeiro golo no Dragão como o seu pai festejou tantos e tantos outros golos que marcou nas Antas, com o braço estendido de baixo para cima em arco vitorioso, com um sorriso a cobrir as entusiasmadas feições de quem parece gostar do que faz. Entrou, rematou, marcou e ainda sacou um penalty. Tudo com classe, força e boa noção técnica. Precisamos de mais avançados? Do we bollocks!
(+) Tello. É verdade que falhou vários golos. Sim, vários. Demasiados. Uns mais fáceis que outros, mas ainda assim falhou. Mas mostrou-se muito mais activo que noutros jogos, muito mais dinâmico e pronto para investir contra a baliza adversária. É um Tello assim que quero ver, que todos queremos ver, um Tello que jogue no espaço, nas zonas que o oponente deixe abertas e por onde pode passar com velocidade e, talvez um dia, voltar aos golos. Já falta pouco…espero.
(+) Quintero. Na ala com ou sem espaço? Inútil. No meio sem espaço? Quase bom. No meio com espaço? Fucking genius.

(-) José Ángel a defender. Activo no ataque, forte nas investidas pelo flanco…terrível a defender. Posicionamentos constantemente falhados, algumas enormes hesitações nas bolas aéreas e um certo facilitismo perante jogadores rápidos que lhe apareciam pela linha. Uma espécie de Fucile 2011/2012, para ser gráfico.
(-) A automatização do recuo. Aborrece-me o constante uso deste recurso de estilo futebolístico que começou (não me esqueço) quando Lucho regressou. Há uma permanente vontade de devolver os passes para os colegas e uma exasperante falta de audácia ofensiva individual em prol do colectivo, mesmo que esse colectivo aposte em jogadas de apoio que só funcionam em situações de plena rotação da bola por todos os jogadores, com mais horizontalidade que um dia de ressaca depois de uma valente noite de copos. Percebo a ideia mas falta-lhe um desequilibrador (como Brahimi) para evitar que se jogue para passar tempo. Bolas bem passadas pela relva, ao menos isso temos ganho em relação ao ano passado…
(-) Académica. Se qualquer página de apostas de desporto da bet365 estiver com odds em condições, deve dar à Académica uns 5000000-1 para ganhar o campeonato. Não sei como é que conseguem sacar um ponto sequer de qualquer jogo onde entrem em campo, com tamanha falta de capacidade ofensiva e inúteis tentativas de fechar linhas sem que se tenham de preocupar muito com ataques. Atacar. Bah, coisa de fracos. Merecem sair da Taça da Liga, mereceram sair da Taça de Portugal (contra o gigante Santa Maria da AF Braga) e se há justiça no Mundo, vão merecer sair da Liga.
Et voilá, venha de lá o Marítimo. Meias-finais garantidas, a final está aí mesmo à beirinha e não acredito que o próximo jogo contra os homens de vermelho e verde na Madeira dê tantos golos falhados como o do passado Domingo. Nem com onze Tellos em campo!!!



