Ouve lá ó Mister – Guimarães

Señor Lopetegui,

Duas semanas sem futebol em condições. Duas semanas, caríssimo, e já me sinto como um drogadito a quem roubaram a dose, as agulhas e o amor-próprio. Já dei comigo a vasculhar os canais da nossa televisão às duas da manhã para ver se ainda apanhava um bocadinho do Gibraltar vs Polónia, só para tapar um bocadinho a vontade de ver de novo algum futebol em condições, mas não fiquei saciado, not in the least. E se estás a estranhar ler esta missiva tão antecipada em relação ao que é normal…é porque este fim-de-semana promete e explico-te porquê.

Vou passear e só volto no Domingo. Até lá, rodeado de algumas dezenas de amigos (família e putos ao barulho, e uso a expressão “barulho” com toda a propriedade, porque vai haver e muito) num retiro anual dos amigalhaços que jogam futebol aos sábados. E entre esses, alguns portistas, um benfiquista (herege) e uma multiplicidade de lagartagem que ainda hoje não entendo como é que o grupo se manteve unido e coeso com esta distribuição clubística tão aberrante. Mas lá nos temos vindo a manter unidos e até nas discussões sobre futebol, que são múltiplas e perenes, os ânimos raramente se animam para lá da parvoíce e acabamos todos amigos. E como tal, devo chegar a casa em cima da hora para ver o jogo de Guimarães! E à hora que te escrevo estas palavras, não sei sequer a tua lista de convocados, o que é uma enorme tristeza para quem tenta fazer a antevisão a um jogo, especialmente um tão importante como este. Não tenhas dúvidas, os gajos odeiam-nos com a força de duzentos bombas atómicas forradas a esterco, por isso convence os teus rapazes que não é preciso jogar muito, é só preciso jogar bem e serem rijos. A comandita à volta do relvado também tende a ser inclinada para a estupidez por isso vai preparado para levares com uma cabecinha de porco ou uma selecção variada de isqueiros. São coisas antigas, não tentes compreender.

Admito que alguns rapazes estejam cansadotes, por isso cheira-me que vais descansar um ou dois a pensar no jogo de quarta-feira. Não faças isso, ou pelo menos pesa bem o binónio talento/condição física, porque se não estás habituado a campeonatos, fica o conselho: perdem-se pontos nas primeiras jornadas que te lixam a classificação mas acima de tudo a moral, tua e dos teus. Tens opções que chegue para ir rodando, mas aconselho-te a encontrares as melhores rotinas entre os gajos que mais gostas, sejam eles quem forem. Vai haver muito tempo (e oportunidade) para rotações de plantel, não queiras fazer tudo de uma só vez!

Escolhe quem quiser. Mas entra em campo com espírito de vitória e esquece a próxima quarta-feira. Bate nestes e depois bates no BATE.

Sou quem sabes,
Jorge

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O nabo

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Imaginem que trabalham num qualquer escritório e que há lá um fulano que toda a malta conhece e que é um nabo. Um daqueles gajos que por muito que tente ser um tipo perfeitinho acaba por só fazer borrada, mas borrada da grande. Mete talheres no micro-ondas, despeja café nos relatórios, apalpa a secretária do chefe, atira tabaco para as petúnias e orgulha-se por não lavar as mãos depois de urinar. Ainda por cima, esse nabo é um nabo arrogante, que assume poucas responsabilidades pelas próprias nabices e que insiste que a nabologia é a ciência do futuro e todos deveriam aspirar a ser tão nabos quanto ele.

E imaginem agora que vêem o nabo a subir na empresa, a galgar terrenos que deveriam ser estranhos para ele, a enfeitiçar chefes, colegas e malta de outras empresas com as suas nabices e mesmo a trabalhar pouco e mal, lá vai chegando para manter o emprego. Não só isso, a manter o emprego e a ser premiado pela nabalheira geral do seu trabalho. Antes dos períodos de avaliação, o nabo faz peito, mostra os dentes e exibe a nabice como prova do que sabe fazer. Do melhor que sabe fazer, aliás. E os outros, tanto ou mais nabos como ele, continuam a louvar e a exortar as nabilidades do nabo como se tivessem saído directamente de um qualquer Deus agricultor, perito no trabalho dos nabos.

E nós, os não-nabos, que olhamos de fora para esta nabilização da companhia bem limitada que é o nosso futebol, vamos tentando perceber como é que um nabo convive com tantos outros nabos e ninguém o arranca do quintal pela raiz. Ninguém percebe. E o nabo, como é lógico, também não percebe.

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Vinte e dois

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Com a chegada de Campaña, revisitemos os passados vintes-e-doizes do FC Porto desde 1995/1996:

 

1995/1996 Jorge Costa
1996/1997 Jorge Costa
1997/1998 Darko Butorovic
1998/1999 Nica Panduru
1999/2000 António Folha
2000/2001 Rubens Júnior
2001/2002 Victor Quintana
2002/2003 Paulo Ferreira
2003/2004 Paulo Ferreira
2004/2005 Giourkas Seitaridis
2005/2006 Fatih Sonkaya
2006/2007 Wason Rentería
2007/2008 Wason Rentería
2008/2009 Andrés Madrid
2009/2010 Miguel Lopes
2010/2011 Miguel Lopes
2011/2012 Eliaquim Mangala
2012/2013 Eliaquim Mangala
2013/2014 Eliaquim Mangala
2014/2015 JOSÉ CAMPAÑA
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Dragão escondido – Nº28 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

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Um dos nomes mais notáveis a passar pelo FC Porto na mudança de século, Renivaldo Pereira de Jesus, conhecido no mundo da bola como “Pena“, é um nome que viverá para sempre na memória dos portistas que ainda se lembram de assistir ao lento definhar do penta-campeão nacional, como que temendo o apocalipse que afinal foi só uma promessa estúpida de meia-dúzia de monges medievais alcoolizados. Era um avançado temido pela sua eficiência…em ganhar ressaltos consecutivos que o levavam a ficar em frente ao guarda-redes sem sequer perceber como lá tinha chegado. Teve a dificílima tarefa de fazer esquecer Jardel e só o conseguiu porque até hoje ninguém conseguiu perceber como é que foi o melhor marcador da Liga Portuguesa em 2000/2001 (os rivais não foram grande espingarda, admita-se…Van Hooijdonk e Rafael – sim, esse – João Tomás, Hassan, entre outros génios). Ainda assim, mal-amado entre os adeptos que se dividiam entre os que o apoiavam e os que achavam que o homem era forte e gordo e só corria e rematava em força e mandava os adversários abaixo (no fundo o mesmo que viriam a dizer sobre Hulk, a outro nível), este rapaz marcou 42 golos em 87 jogos pelo clube (quase um golo a cada dois jogos), incluindo esta pérola aqui no video, de cujo jogo foi tirada a fotografia acima:

Entre as apostas erradas da malta:

  • McCarthy – Ainda não fazia parte do plantel na altura que este jogo foi disputado (Outubro), só chegou ao clube em finais de Dezembro de 2001, emprestado pelo “QUEM É O NOSSO AMIGO? O CELTA DE VIGO!”;
  • Chaínho – Já não fazia parte do plantel em 2001/2002, saindo no final da época anterior;
  • Clayton – Jogou nesta partida (substituído aos 69 minutos juntamente com Capucho por Söderstrom e…Esnáider) mas fisicamente era mais “Costinha” que “Pena”;
  • Costinha – Esteve presente neste jogo mas as coxas do rapaz eram, em grossura, aí um terço das de Pena…;
  • Kenedy – Quase que era ele! Se excluirmos o facto de só ter feito uma época no FC Porto…em 1997/98…;
  • Ibarra – Titular durante grande parte da época, jogou também nesta partida mas como se pode ver não era ele na imagem;
  • Jorge Andrade – Titularíssimo na equipa e também neste jogo, mas não era ele. Pensei que eram muito diferentes em termos de altura, mas o zerozero diz-me que não (Pena: 1,76m, Jorge Andrade: 1,84m);

O grande vencedor foi (um anónimo que teve azar porque sem nome não leva os props) Daniel T, com a resposta certa a ser dada às 8h40 da manhã. Vinte minutos depois do post ser publicado. Nice.

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