Ouve lá ó Mister – Guimarães

Camarada Sérgio,

Em primeiro lugar, as minhas desculpas mas não consigo usar Vitória para falar do Guimarães. Eu sei que é esse o nome e eu até tento ser um gajo mais ou menos consistente na nomenclatura de clubes e jogadores, mas o Guimarães será sempre o Guimarães, tanto como o Setúbal será sempre…isso tudo. E é um elogio que faço à gente louca daquela terra que adora o clube e que merece o meu respeito por isso. O facto de querer ganhar todos os jogos que faço contra eles, contem eles para o campeonato, a taça ou um torneio regional de levanta-o-piço-ao-vento, não interessa qual: é sempre para bater nesta malta.

E hoje ainda mais, porque é Taça. Se houvesse algum jogo do campeonato em que estivesses noventa e quatro pontos à frente do segundo classificado e pudesses poupar malta para descansar as tropas, meh, tudo bem. Afinal, ganhar noventa e quatro pontos de avanço deve cansar um bocado, por isso até compreendo. Mas assim, em Dezembro e com uma competição para ganhar, especialmente depois de termos ganho a última eliminatória da forma que o fizemos? Sarrabulho, toca a reunir e siga para bombo. Sim, o toque minhoto foi deliberado nesta frase, deal with it.

Ganhar. Gerir se possível, golear quando aplicável. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Setúbal 0 vs 5 FC Porto

foto retirada do zerozero

Acredito que o Setúbal seja uma das piores, senão mesmo a pior equipa da Liga. Mas também acredito que os rapazes estivessem mais ou menos cansados depois de jogar na quarta-feira e que jogar com estas condições climatéricas é o equivalente a tentar subir os Clérigos com o Walter às costas. Ou seja, o jogo podia ter sido complicado se não houvesse sentido prático, vontade de limpar isto rapidamente e pouca disposição para brincadeiras. Houve a primeira em boa dose, a segunda também e até deu tempo para alguma parvoíce a meio-campo. Ah, e o Marega picou a bola por cima do guarda-redes a vinte metros da baliza. No biggie. Notas abaixo:

(+) Aboubakar. Três golos (mais uma vez, não é um hat-trick quando não são consecutivos, malta…eu sei que soa bem, mas não está certo) e mais uma assistência, numa exibição cheia de força, inteligência posicional e eficácia, mostrando que está em grande nos últimos tempos e a equipa só tem a ganhar com isso. .

(+) Marega. Lukaku fez um jogo horrível no derby de hoje contra o City, onde assistiu o adversário com dois golos. E Lukaku é uma espécie de anti-Marega a nível técnico, podendo ser quase gémeo dele a nível físico. Já Marega esteve em grande, com uma assistência depois de um trabalho onde enganou a defesa toda do Setúbal com duas simulações consecutivas (deliberadas, hã?!) e dois golos, o segundo dos quais a surgir depois de um passe lindo de Aboubakar e onde Marega picou a bola por cima do guarda-redes com uma tranquilidade quase olímpica. E eu continuo a não perceber como é que esta cisterna em formato maliano consegue jogar tanto parecendo que joga tão pouco…

(+) No bullshit. Sem brincadeiras, a equipa colocou a vitória acima de tudo e preocupou-se sempre em manter a posse de bola apenas até ao nível que era necessário para encontrar um bom espaço para onde a colocar, como presumo sejam as indicações do treinador. E até aí, maravilhoso, pela forma prática com que encarou o jogo, a facilidade com que criou situações de perigo e como aproveitou as oportunidades que teve.

(-) Video-árbitro. Expliquem-me como se eu tivesse três anos. O árbitro vê um lance. O árbitro tem dúvidas perante o que viu, o que é normal. Afinal os jogadores são uns fiteiros tremendos, a chuva era absurda e o vento mandava sequóias abaixo. Mas marca-se o lance. Marca-se? Ah, espera, o gajo do video ganiu nos auriculares. Afinal pode não ser. Abou, podes por ali a bola. É ou não? Keeper, prá baliza, anda lá, mexe esse rabinho rosa. Sim? Alô? Espera. Mas…eu n…não ent…espera. Costinha, atrás da linha. Aboubakar, és tu a marcar? Oh pra eu a rim…sim? Ah. Então é melh…eu v…pronto, espera, eu dou já aí um salto. E SE FOSSES LOGO VER A MERDA DO LANCE, NÃO SE POUPAVA ESTE TEMPO TODO!? É que parece de propósito para descredibilizarem esta treta…ah, ok…

(-) Brahimi. Olha, um jogo mau de Brahimi! Lento no arranque, incapaz de passar pelos adversários directos e com pouca desenvoltura com ou sem bola. Não pareceu adaptado ao jogo e não conseguiu entender-se muito bem com Alex Telles, ele que apareceu poucas vezes na frente no início do jogo pela pressão defensiva que sofria mas quando apareceu não conseguiu trocar as voltas à defesa como costuma fazer com o argelino, principalmente por culpa de Yacine que hoje não esteve em grande.

(-) André em vez de Óliver. Percebo a ideia do Sérgio, ou pelo menos acho que percebo. Tirar a bola do meio-campo, arrastar jogo para as alas, ficar sem bola para marcar rápido e prático, sem necessitar de ser bonito, criativo, esteticamente mais interessante. Percebo isso e já falei montes de vezes nisso em várias edições do A Culpa é do Cavani. Mas ao mesmo tempo que percebo, sempre que vejo André André a jogar em vez de Óliver, há um anjo que morre num universo paralelo. E tenho muita pena dos anjos, a sério que tenho, porque me parece que vão morrer muitos mais.


Boa recuperação mental depois de quatro pontos perdidos na Liga. Agora, dois jogos antes do Natal e depois uma semaninha de pausa. Para acabar o ano em grande e comecá-lo ainda melhor. Não é, rapazes? Vamos a isso.

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Ouve lá ó Mister – Setúbal

Camarada Sérgio,

Já no Cavani de ontem (que podes ouvir aqui) estivemos a discutir o que vai ser o campeonato daqui para a frente e acabamos por concluir…nah, sem spoilers, mas a verdade é que a conclusão não foi grande coisa. Porque ainda falta muito jogo e por muito que o Sporting tenha ganho ontem e nós ainda não tenhamos jogado, a verdade é que a quantidade de jogos que temos pela frente é ampla, os pontos em disputa são muitos e a vontade é grande de todas as partes. Assim sendo, vamos lá pensar nisto um jogo de cada vez e ver onde é que vamos parar daqui a uns meses. Até lá, keep on truckin’, bro.

Isto quer dizer o quê? É simples: todos os jogos são para ganhar, porque qualquer equipa que quer ser campeã nunca o vai ser apenas nos jogos contra o Benfica e tem forçosamente de ganhar os outros. Pode não ganhar todos, mas já viste que se dás uma unhinha de vantagem aos outros, vão-te arrancar as goelas sem pedir licença e como já percebeste que quatro pontinhos perdidos em dois jogos depois de perderes dois em onze…eh pá, o rabinho começa a apertar e ninguém quer isso, certo? Então vamos lá embora para cima deles, bater enquanto pudermos e acabar com o jogo tão cedo quanto possível. Estou contigo, rapaz!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 2 Mónaco

foto retirada do zerozero

Ah. Assim sim, meus amigos. Depois de um arranque complicado, a equipa conseguiu recuperar a alma, o espírito de sacrifício e alguma capacidade táctica e acabamos mesmo por conseguir passar a fase de grupos com alguma tranquilidade, apesar de apenas hoje termos conseguido confirmar essa passagem. E fomos pragmáticos, inteligentes…raios, vou dizer mesmo maduros na abordagem ao jogo, mesmo perante um Mónaco com algum talento mas pouco esforço. Aliás, é curioso que tenhamos espetado cinco golos aos teóricos candidatos a passar a fase de grupos, no último jogo, quando precisávamos de vencer para passar. E ambos jogavam de vermelho. Coincidências fofinhas que tiveram o mesmo resultado: o nosso apuramento. Vamos a notas:

(+) Boa estrutura táctica em campo. Pareceu-me sempre ver a equipa equilibrada em campo, com onze ou dez. A equipa esteve serena na colocação das peças em campo, sem perder a compostura e a estrutura do esquema que o treinador montou e que cumpriu na perfeição. Claro, parece mais fácil cumprir os posicionamentos quando o jogo é esticado para as alas e para a frente com bolas aéreas ou quase directas pela relva, mas também faz com que a estrutura seja mais fácil de desfazer em correrias parvas e hoje, como em vários jogos, os rapazes estiveram bem com a bola nos pés.

(+) Aboubakar. Eficácia no topo, marcou dois golos e assistiu outro, num jogo em que pareceu sempre muito relaxado a jogar no centro do terreno, quer na área como também em apoio à pivot, a recuar para receber a bola e criando espaço para a entrada de Marega, Brahimi ou até Herrera. Só gostava que o rapaz fosse sempre assim eficaz, mas não se pode ter tudo.

(+) Alex Telles. Já merecia um golo pelo que tem feito para o merecer e pela forma como se entrega a todos os lances em todas as partidas. É daqueles gajos que vai ser sempre lembrado pela forma como vive o jogo e como corre e se esforça. Pode não acertar todos os cruzamentos, pode não acertar todos os passes, pode nem sequer fazer bons jogos, mas nunca se pode apontar nada em termos de esforço. E só isso conta um bom pedaço para agradar ao povo.

(+) Herrera. Bom jogo do capitão, talvez o único a perceber quando parar o ritmo de jogo e como o fazer da melhor forma, sem as rodinhas de Brahimi e o nervosismo de Ricardo. Aliás, Hector (nome usado pelo meu amigo do lado no Dragão quando as coisas correm bem, deixando o apelido para os jogos piores) foi uma espécie de elemento equilibrador do jogo da equipa, conseguindo marcar a diferença com a bola nos pés e na recuperação defensiva, especialmente na primeira parte.

(-) A precipitação no passe. Um dos maiores pecadores neste caso é Ricardo, que insiste em tentar passes à queima sem ser necessário fazê-lo, quando pode perfeitamente parar para pensar um bocadinho. Marega, Herrera e os defesas centrais são também alguns dos rapazes que se lixam com este vírus que aparece, este “correbol” (termo cunhado pelo Jorge Vassalo, meu companheiro n’a Culpa é do Cavani) acaba por forçar a que os jogadores se sintam obrigados a soltar a bola mais depressa do que precisam quando podem por vezes segurar a bola, pensar um bocadinho e tentar perceber se vale mesmo a pena passar em vez de raciocinarem sobre o melhor destino a dar ao couro.

(-) Arbitragem. Para mostrarem que lá fora também há árbitros imbecis, podemos tomar o exemplo deste sueco, que marca um penalty que não existe, deixa de marcar pelo menos um dos dois que eu vi (na televisão é mais fácil, eu sei, mas o Glik corta o pé do Brahimi e um dos centrais, que me esquece agora o nome, corta com a mão um cruzamento do Telles) e expulsa dois jogadores por uma picadelazita quando podia (e devia, na minha opinião) dar um amarelo a cada um e um aviso do que aconteceria se olhassem sequer um para o outro com cara feia. Assim, lixou-nos e lixou o Felipe, que não tinha nada que tentar dar uma estalada no Ghazzal, por muito que o gajo merecesse.


E lá estaremos em Fevereiro, à espera do que nos calhar em sorte. Venha quem vier, o mínimo está cumprido e o que vier a seguir…fuck it, é para cair!!!

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Ouve lá ó Mister – Mónaco

Camarada Sérgio,

Rapaz, dias tristes nos vão acompanhando desde sexta-feira, sem que tenhamos grande conforto da parte daqueles que estão acima de ti e que parecem estar menos preocupados com isto do que com o estado da arte do marketing puro e do primetime televisivo. Mas eu, que como tu estou chateado com F grande com esta treta toda, ainda estou doente depois do jogo com o Benfica e preciso de redireccionar as minhas forças para outra competição antes de voltar a este desterro nacional. Por isso, siga para a Europa.

E siga, mas infelizmente segues sozinho porque não vou ver o jogo. Nem em directo nem ao vivo. Admito que não estejas muito preocupado com isso porque o terceiro jogo consecutivo contra equipas vermelhas e brancas (já viste a nossa sorte…ao menos despachamos grande parte destes confrontos logo aqui e ficamos com as vistinhas mais limpas nos próximos tempos) deve ocupar-te uma boa parte da mona, mas não vai mesmo ser possível. Por isso vou estar a roer as unhas quando me sentar para ver a bola, aí pela meia-noite, sem saber o que se passou, enquanto espero pelos golos que acredito que vão surgir, com a vontade que sei que vai estar em campo e a capacidade que sei que está dentro de ti e dentro dos nossos. É um dos jogos do ano, rapaz, joga-o como tal!

Sou quem sabes,
Jorge

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