Ouve lá ó Mister – Besiktas

Camarada Sérgio,

Jogos da Champions às 17h são o equivalente a um gajo ser careca toda a vida começar a crescer cabelo de novo a partir dos 70 anos porque é fora de horas e não dá jeito nenhum. Mas é o trabalho que nos deram e como bons e obedientes seguidores do Deus das Vitórias Europeias, vamos procurar agradar a divindade e agradecer-lhe a protecção que nos deu durante décadas com mais uma vitória em plena capital cultural europeia do século coiso. Quero dizer V ou VI AC, mas começo a atrapalhar-me com as numerações e as siglas misturadas e é uma confusão que ninguém se entende. A verdade é que isto de ir jogar à Ásia que não é Ásia mas afinal também não é bem Europa…numa competição europeia, é a modos que giro.

Depois do jogo da primeira volta, gostava muito de acreditar que vamos lá para nos vingarmos e para chegar a roupa ao pelo dos turcos. Não acredito, porque sou um pessimista que acha que estar a perder com o Portimonense em casa aos noventa minutos é um sinal moderadamente negativo. Ao que parece, nem tu nem os teus acham o mesmo, pelo que talvez possa ganhar algum entusiasmo para a bola que aí vem. Afinal, pode ser que hoje tenhamos um Quaresma do nosso lado como também tivemos aqui há uns anos, que aí nos ganhou um jogo no último minuto. Ganha antes ou depois do último minuto (paradoxal mas possível), ganha. E se é para escolher um messias, que seja o Corona. Dude needs a boost.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 Portimonense

imagem retirada do zerozero

Desde o início do jogo que me pareceu que a equipa não estava muito interessada em vencer o jogo. E foi uma pena, porque acabamos por arriscar ser eliminados da Taça. Em casa. Frente a uma equipa que nos é inferior e que mostrou que esteve em campo com muito mais vontade de jogar, ganhar e passar a eliminatória do que nós. Safámo-nos pelas pontinhas de uns pentelhinhos que por lá passaram, graças à capacidade e eficácia de dois dos jogadores que estão a ser dos mais importantes da época e tudo aponta para que continuem assim. Ufa. Vamos a notas:

(+) Danilo. Ah e tal porque está cansado e porque foi o gajo mais utilizado na Selecção e estourou-se todo e é uma vergonha, yadda yadda. O que eu vi foi um Danilo cheio de força. Um Danilo com garra e vontade de jogar. Um Danilo que se entregou à luta sem problemas físicos. Um Danilo que comandou a equipa bem mais que Óliver e muito mais que André. Um Danilo que podia perfeitamente ser o capitão desta equipa pelo que mostra em campo e pela forma como leva a equipa às costas. Um grande Danilo, foi o que vi.

(+) A vontade na segunda parte. A vontade que faltou na primeira apareceu na segunda e mesmo com um futebol fraquito, a equipa mostrou outra cara depois do intervalo. Sim, fomos trapalhões, pouco rematadores (muitos dos remates surgiram depois de bolas paradas) e individualistas nalguns lances, mas lutámos muito e quase compensávamos o que não lutamos na primeira.

(+) Iker a liderar a roda depois do jogo. Depois de toda a conversa, foi estupendo ver Iker Casillas a liderar o grupo depois da expulsão de Sérgio Conceição. Nada mais a dizer sobre isto, nem aqui nem fora daqui.

(+) André Pereira. Ao contrário do que aconteceu com Galeno na pré-época e vários outros jogadores que foram aparecendo episodicamente ao longo dos anos vindo das equipas secundárias, pareceu não acusar a pressão e entrou em campo para ajudar a equipa, independentemente do nome ou número que tem nas costas. Lutou, entranhou antes quase de ter tempo para estranhar e fez uma boa estreia na primeira equipa.

(-) A falta de vontade na primeira parte. Assim não, meninos. Alguns jogadores ainda quase não tinham tocado na bola e a equipa já estava a vencer, o que pode ter ajudado a que estivessem quase toda a primeira parte, em bom vernáculo, “a cagar para o jogo”. Não contesto a valia do Portimonense, que teve uma postura estupenda e um sentido prático, mas é impossível de justificar com cara séria uma exibição destas. Em particular na defesa, porque se formos a comparar as performances defensivas de ambas as equipas podemos perceber que o Portimonense defendeu mal porque não sabe mais; nós fizemo-lo porque não nos apetecia fazer mais. E isso chateia-me muito.

(-) Hernâni. Dude. DUDE! Estás a tentar fazer com que o pessoal não goste de ti ou é mesmo só isto que tu consegues dar à equipa? Não acredito em nenhuma das opções, mas a verdade é que começa a ser complicado apoiar a tua presença mais assídua no onze titular, especialmente porque este tipo de exibições não ajudam nada a acreditar que podes fazer a diferença pela positiva. Tem lá calma, pensa no que vais fazer e não esperes que a sorte te caia do céu.

(-) André². Meh. É isto que André traz à equipa: meh. Não remata, não faz grandes passes, raramente faz passes razoáveis e não marca a diferença. Nem pela positiva nem pela negativa, é neutro. É pouco para ser titular no FC Porto e quem me dera que houvesse aí opção para o substituir. Ah, espera…


E a sequência que agora começa e que vai em crescendo até o jogo contra o Benfica ia arrancando da pior maneira. Vamos ver como continua já na terça-feira.

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Ouve lá ó Mister – Portimonense

Camarada Sérgio,

Ontem no Cavani abordamos a tua possível abordagem a este jogo e os três chegámos à conclusão que não podemos ficar a brincar às taças. É preciso entrar com força, acabar com o jogo cedo e só depois descansar. A malta precisa de ritmo e estas paragens para jogos de selecções não trazem nada de bom, afastam os jogadores do contacto diário contigo e das piçadas que lhes vais dando nos treinos e isso não pode ser, até porque eu sei que tu gostas de ter a malta perto de ti e louvo isso. Pensa positivo, ao menos não houve mais lesões, certo? Não, não é certo, porque o Herrera veio tocado. Valente merda, heim? E olha que sou eu a dizer isto, eu que queria que o Herrera fosse embora no fim da época passada e no início desta!

Enfim, os tempos mudam e vamos todos esperar que a equipa regresse à competição em grande. Não mudes muito no onze e prepara-os para o que vai ser um ciclo tremendo de jogos. Vamos a isso, rapaz!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Belenenses

foto retirada do Twitter do FC Porto

Noite fria na Invicta, com os músculos a mexerem com dificuldade depois do jogo de quarta-feira (a sério que voltei ao Dragão apenas três depois da última vez que cá estive? Fosse sempre assim e era um homem feliz!), numa prova de capacidade competitiva que foi superada mas por pouco, já que a vontade de encerrar o jogo rapidamente era tal, em particular depois do primeiro golo marcado, que a equipa nunca conseguiu atingir níveis de tranquilidade e paz de espírito que acalmassem a malta nas bancadas. Mas ao contrário de outros anos, o apoio não faltou. Nunca faltou. É o que dá quando os jogadores dão tudo e lutam sempre para vencer. Vamos a notas:

(+) Herrera. Disse em vários fóruns no início da temporada (aqui, em conversa, no Cavani, em todo o lado!) que Herrera era para mim uma carta fora do baralho. Mais que isso, nem devia ser uma carta, mais valia ser um naco de papel queimado a descansar na lareira, tal era a minha confiança nele para a época que então começava. E agora, com um litro de água, engulo as minhas palavras ao ver o capitão a encher o campo, a marcar e a assistir, a ser o melhor jogador da partida como tem vindo a ser um dos melhores jogadores de várias partidas desde que assumiu de novo a titularidade. Lutador, inteligente a pautar o ritmo e a trocar a bola com critério, esteve acima de todos e mostrou que a braçadeira pode mesmo estar bem entregue. E espero que não me faças cuspir as mesmas palavras de volta, Hector!!!

(+) Reyes. Primeiro de tudo: Reyes não é trinco. Não que joguemos com trinco, mas a posição que Reyes ocupou foi exactamente essa, um pouco mais recuado em relação aos colegas do centro e claramente com menos ordens de subir no terreno que Danilo recebe. E para o que sabe e consegue fazer, esteve muito bem, sem contar com os passes longos que tem mesmo de melhorar. Sei que soo um pouco a um pai que vendo o filho a praticar guitarra e a assassinar um qualquer Stairway to Heaven o incentiva e diz: “Estupendo, Martim, não te esqueças que o esforço vai compensar”, sabendo perfeitamente que o puto só vai conseguir encher plateias se for vender bilhetes num cinema, mas a verdade é que em grande parte dos jogos, com equipas que jogam recuadas e que tentam colocar a bola nas costas dos defesas a 30 metros de distância (como o Belém tentou), Reyes até se safa benzinho. Não é Danilo, mas afinal, poucos serão.

(+) O golo de Aboubakar. Herrera esteve muito bem todo o jogo mas nada melhor que um sprint vertical de quase 50 metros, aos 90 minutos de uma partida onde meia equipa estava cansada e a esperar que o jogo acabasse, vendo Herrera (e Aboubakar) a voarem pela relva, com o mexicano a passar a bola perfeitinha para uma finta de Abou a deixar o central num varrimento Otamendiesco e a picar a bola por cima do guarda-redes para o golo do descanso. Um deleite, minha gente.

(-) Ui as perninhas. Não nos podemos queixar de nada senão de nós próprios, porque quem negociou a calendarização dos jogos no Dragão fomos nós e acredito que ninguém tivesse olhado para o próprio calendário da equipa como algo remotamente importante, em especial porque só nos lembramos destas parvalhices depois delas nos morderem no derriére. Mas notou-se desde o início que a equipa queria fazer as coisas depressinha para acabar com esta treta e passar à parte mais importante do fim-de-semana, o alapar da peidola no sofá e pensar: “só jogo daqui a duas semanas, quero é descansar um bocado!”. O jogo de quarta foi tramado e se Corona ficou no banco e Danilo na bancada, houve muitos outros que não tiveram a mesma sorte. E notou-se, oh pois que se notou e bem. Telles parecia amorfo, incapaz de se posicionar em condições e foi ultrapassado com a mesma finta pelo menos duas vezes sem pontapear o adversário em testículos alternados. Logo aí dava para perceber que algo se passava. Brahimi, que a jogar aí a 35% da sua capacidade conseguia produzir suficiente para quase marcar um ou dois golos, ou Aboubakar, que tirava o pé de várias disputas de bola, eram outros dois que se notava alguma falta de frescura. Hernâni compensava, naquele estilo de anfetaminas naturais que o fazem correr demais para fazer tão pouco mas entrou para a segunda parte como um zombie paralítico. Faltava muito do fulgor físico que ficou na relva na quarta-feira e uma equipa que faz da velocidade e agressividade uma das suas forças, não conseguiu nem uma nem outra a níveis decentes. Valeu-nos, e não acredito que vou dizer isto, a excelente exibição de Herrera.

(-) Felipe. Um jogo recheado de uma data daqueles pequenos nuggets que fazem pensar que este jovem tem um ou outro fio que se desliga sozinho e que só volta a ser ligado se alguém lhe der um par de estalos. Só vejo o Marega com capacidade (física) para ousar isso, por isso torna-se complicado ver um homem que me habituei a reconhecer como um excelente jogador a transformar-se numa poça de urina durante uma partida de futebol. Foi uma exibição fraquíssima, cheia de passes falhados, decisões parvas e muita falta de pernas. Precisa mesmo de descansar uns dias.


Onze jogos, dez vitórias e um empate (em Alvalade). Não me lembro de um arranque tão positivo e só posso esperar que continuemos com um rácio deste nível até ao final do campeonato…era bom sinal!

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Camarada Sérgio,

Longe vão os tempos em que o Belenenses me trazia alegrias, com a tradição da visita ao Pepe a fazer-se lá em baixo e a ser depois devolvida a cortesia com o próprio Belenenses a entrar em campo segurando a nossa bandeira. Não vi isso a acontecer no ano passado e fiquei lixado porque era uma daquelas cordas que me prendia a tempos idos, quando esta merda era mais simples, mais pura e bem mais decente. Hoje em dia só espero que estes gajos venham cá para jogar futebol e não para serem fantoches dos vizinhos lá de baixo, estes que abrem mais as pernas ao mestre que uma putéfia com sete pachachas.

Assim sendo, espero um jogo tramado. Ainda por cima com todas as condicionantes que temos, vai ser tramado. Imagino que seja nossa culpa o facto de termos aceite o calendário e as agendas televisivas e não me pareceu nada inocente termos optado por forçar o amarelo ao Danilo para limpar hoje, mas as lesões do Marega e o cansaço que aposto está a morder os músculos das pernas de meia equipa depois do jogo de quarta-feira são factores importantes. Agora pensa bem, porque vais ter duas semanas de paragem e a malta (alguma, pelo menos) pode descansar aí, mas não podemos arriscar perder pontos agora. Nem pensar nisso! Como disse no Cavani de ontem (se não ouviste, ainda vais bem a tempo de o apanhar aqui), apostava no Galeno a titular e não mudava muita coisa. Maxi a titular, AA e Herrera no meio, Brahimi e Hernâni nas alas. Acima de tudo é para jogar, ganhar e só depois descansar!

Sou quem sabes,
Jorge

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