Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 RB Leipzig

Não sei que tipo de portal para um universo paralelo é que atravessei hoje à noite antes de entrar no Dragão, mas no final do jogo apercebi-me que tinha aplaudido Marega de pé, Herrera de pé e aos gritos e Maxi Pereira de pé, aos gritos e a abraçar três amigos ao mesmo tempo. Porque o futebol, ao contrário do que diz o Shankly, não é mais importante que a vida ou a morte. O futebol agrega e separa, une e afasta, mas é sempre, sempre, um desporto de emoção. E hoje, no Dragão, vivi mais uma bela noite, onde comecei a sorrir, passei da euforia à fúria e acabei como comecei, a sorrir. Gotta love this game! Vamos a notas:

(+) O espírito de luta. Não há dúvida para ninguém que tenha visto este Leipzig a jogar que os rapazes são bons. Para além de trocarem bem a bola, são fortes, largos, rápidos e cobrem mais terreno que nós em menos tempo. São uma equipa habituada a jogar contra Bayerns e Borussias, trabalham muito bem e valem o que recebem. Mas nós sempre mostramos que estávamos cá para ganhar o jogo e muito embora a estratégia inicial tivesse sido audaz, a lesão de Marega podia ter servido para abanar a equipa. A malta levantou-se e marcou logo de seguida. Impecável. Segue-se cachaçada pujante pelos alemães durante trinta minutos consecutivos de posse de bola, trocas rápidas e criação de perigo com remates de longe e incursões pela área com alguma facilidade, com o FC Porto sempre a lutar mas quase sempre a dar a bola ao adversário, o que parecia deliberado apesar de não poder contar com Marega para romper em velocidade e com Brahimi a complicar um pouco. Marcaram então os alemães no início da segunda parte, talvez na única falha defensiva grave durante todo o jogo. A equipa foi abaixo? Nem pensar, levantou-se de novo e começou a jogar. A jogar com calma, com a cabeça que parecia ter faltado quando a bola tinha estado nos nossos pés. E lutou. Trabalhou. Tapou. Limpou. Salvou. Rebentou. E alguns minutos depois marcou. E acalmou. E controlou. E celebrou. E sentiu que todos à volta celebraram com eles, porque o estádio ficou a aplaudir bem depois do jogo ter terminado, em simbiose com a equipa e a agradecer a bela noite que todos tínhamos vivido. Foi como se o estádio estivesse todo na relva, ao lado deles. E que bem que soube.

(+) Corona. MVP da partida, para mim. Foi um Corona prático, útil, aguerrido na defesa e entusiasmante no ataque, sempre à procura da melhor opção e, ao contrário do que fez em tantos outros jogos, a tomar uma opção antes de estar tudo pesado na sua cabeça. Esse, que é o grande defeito de Corona – a busca incessante da jogada perfeita que raramente aparece – foi hoje colocado em prática de uma forma tão simples e tão directa no melhor que podia ter feito para ajudar a equipa: colaborar com o colega que joga atrás dele e integrar-se no ataque com o resto da equipa, jogando para ela em vez de apenas para si. Foi dos melhores jogos que vi dele e saiu exausto, quiçá lesionado. Faço votos para que banhos, massagens e um ou outro handjob cheguem para o rapaz recuperar para sábado.

(+) Herrera. Mais um excelente jogo de Herrera. Eh pá, eu sei, mas que querem, o homem parece que está determinado em provar que estou errado em relação a ele e eu fico muito contente ao vê-lo a tomar essa atitude, porque Herrera está a conseguir mostrar que é um jogador essencial do ponto de vista táctico e que a sua versatilidade e capacidade de pautar o jogo faz com que o FC Porto consiga ter mais opções no meio-camop do que pensei no início do ano. E agora só falta marcares um hat-trick ao Benfica. Aposto que não consegues, Hector, és um merdas e uma besta e um imbecil. Vá, prova que estou errado como tens feito até agora, eu que já te chamei tantos nomes e agora faço um acto de contrição semanal com as tuas exibições. Seu…seu…capitão!

(+) Os laterais. Muito em jogo a tentar tapar tudo que aparecia pelos flancos, tanto Ricardo como Telles fizeram um bom trabalho defensivo e ainda conseguiram ajudar na frente sempre que foi necessário. Curiosa a opção de Sérgio a manter Ricardo como defesa direito e Maxi a jogar como ala (tão curiosa como acertada, pelo terceiro golo) mas durante todo o jogo foram os principais garantes que a bola iria ser solta para a frente com algum critério. O termo é mesmo esse: soltar a bola, porque houve largos minutos em que era preciso atirar a bola para a frente com tanta vontade que sempre que um homem nosso pegava na bola…eram momentos de angústia para as bancadas. Ambos ajudaram a que essa angústia fosse reduzida e estiveram bem durante todo o jogo.

(-) André na primeira parte. É verdade que entrou a frio e substituir Marega – pelo tipo de futebol físico que dá opções de criação à equipa que mais nenhum consegue dar – não é fácil, especialmente se pensarmos que Moussa é uma montanha de força e envergadura física ao passo que AA é uma espécie de Tyrion Lannister com calvície precoce. Mas AA ficou tempo demais na terra de ninguém, acabando por não funcionar como segundo avançado porque não conseguiu receber a bola e criar espaços no ataque e pior ainda em trabalho defensivo, já que ao entregar a bola aos alemães a equipa dependia dele para a primeira linha de pressão aos centrais adversários e AA nunca conseguiu fazer em condições, ficando sempre num limbo de posição que prejudicou e muito o trabalho dos colegas do meio-campo. Sérgio Conceição ainda trocou a posição dele com a de Herrera nos últimos minutos da primeira parte para forçar a subida mais pressionante da equipa, mas foi na segunda parte que AA conseguiu finalmente soltar-se um pouco, protegendo melhor a bola e trabalhando bem para ajudar a equipa a recuperar a vantagem e a mantê-la.


Uma espécie de normalidade foi hoje reposta, que é como quem diz: é como se tivéssemos vencido os jogos em casa e perdido os que disputamos fora. E agora, há que inverter a tendência na Turquia!

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Ouve lá ó Mister – RB Leipzig

Camarada Sérgio,

Há quem diga que este é o jogo do tudo ou nada. Também há quem diga que o Otávio ainda vai ser um homem fundamental na conquista do torneio internacional de engomadoria radical de Vilar de Andorinho mas eu tenho dúvidas tanto de uma como de outra afirmação, porque isto não decide nada. Em primeiro lugar porque não decide posições finais no grupo porque ainda ficam a faltar dois jogos para acabar esta fase. Depois, porque raramente aparecem jogos de tudo ou nada a uma quarta-feira em Novembro, muito menos num feriado. Por isso vamos lá libertar um bocado esta pressão que todos colocam em cima dos nossos ombros, especialmente depois de ontem termos perdido mais cinco pontos para os coeficientes europeus da malta e ficamos abaixo de…abaixo de todos, ao que parece.

A verdade é que vai ser um jogo bem tramado contra um grupo de moços que jogam muito bem à bola e que podem bem vir a ser os segundos adversários mais complicados que vamos enfrentar este ano, pelo menos até apanharmos o Manchester City nos oitavos. Estou convicto que vais escolher o melhor onze e que esse onze vai ter não um, não dois, mas três médios! Sim, Sérgio! Eu estou contigo, pá! Eu acho mesmo que vai ser desta que vais colocar o Óliver a jogar e o puto vai destrocar futebol como só ele sabe, rasgando defesas e rodopiando até ao infinito com a arte que tem e a capacidade de ver o jogo como poucos. É isso, nao é, Sérgio? Sérgio? Ah. Ok, então. Seja quem for que ponhas em campo, é para ganhar. O resto, isso dos nomes e tal, só interessa para um gajo mandar umas postas no café…

Sou quem sabes,
Jorge

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A Culpa é do Cavani – Jornada 14 – Arnaldo Pedro

Mais uma jornada com boa disposição do povo, entremeada com um par de discussões bem sérias sobre o pós-Bessa, apontando o foco para a oscilação do estrategizar do Sérgio quando enfrenta rivais fortes ou fracos, a opção AA/Óliver ou a forma como o Vassalo assume que é um gajo que se enerva rapidamente, porque esteve por pouco o segundo rant completo do Cavani! Esse par de tres discussões seguiu-se ainda a antevisão do jogo contra o Leipzig, polvilhado com tiradas sobre Football Manager, conferências de imprensa e nepotismo. Really.

Jornada 14 – Arnaldo Pedro


Quem quiser continuar a ouvir pelo site, tranquilo, é só usar o leitor que está embutido no post de cada episódio. Quem ouvir usando uma app, seja iTunes, Podcast Addict, Pocket Casts, Podcast Republic ou tantas outras que por aí andam, pode encontrar o Cavani aqui:

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Todos os episódios anteriores estão no site e no feed RSS, pelo que como de costume amandem as vossas postas para cavani@porta19.com!

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Baías e Baronis – Boavista 0 vs 3 FC Porto

foto retirada do twitter do FC Porto

Derby que se preze tem vários pontos que devem persistir ao longo dos tempos: a) o Boavista está em campo para dar molho e o FC Porto responde; b) o FC Porto não ganha com facilidade no Bessa; c) o FC Porto ganha no Bessa. E foi isto que aconteceu mais uma vez, com mais um jogo em que três passes consecutivos eram interrompidos por uma falta (afinal não somos só nós que fazemos muitas, pois não, Simão?) e onde uma exibição fraquinha deu lugar a três bons golos, cada um ao seu estilo e com um homem a destacar-se acima de todos os outros na partida: Brahimi. Boa e importante vitória, de qualquer forma. Notas abaixo:

(+) Brahimi. Jogaço, mais uma vez. Um golo, uma estupenda exibição e mais uma vez a figura principal da equipa em termos de construção de jogo pela relva, alheados que estamos (aparentemente) da necessidade de ter mais um médio para construir a partir do centro do terreno. E enquanto Brahimi estiver nesta forma vamos continuar sem optar em acondicionar o meio-campo com mais um homem, porque parece que o homem está com uma garra que nunca antes tinha visto, continuando a levar paulada atrás de enormíssima paulada e mantém-se de pé, pronto para agir, assistir e marcar, num golo que teve tanto de merecido como de bonito.

(+) Ricardo Pereira. Muito melhor a defender do que tinha mostrado no início do campeonato, está mais rápido e muito mais eficaz no corte, em particular nos carrinhos que fazem lembrar uma espécie de Otamendi contido, porque raspa mas não arranca e até consegue manter a bola em sua posse. Esteve pouco subido muito por culpa de Kuca que o encostou (bem) sempre atrás, mas deu segurança a defender e se ainda não tinha garantido o lugar, só uma tremenda falta de empenho nos treinos lhe tira a titularidade. Uínque.

(+) Danilo na primeira parte, Herrera na segunda. Danilo foi um gigante na primeira parte porque foi dos que mais depressa conseguiu perceber que não iríamos lá sem usar o corpo e usou-o muito e bem. Herrera errou bastante na primeira parte porque demorou muito mais a perceber o mesmo que disse na frase anterior. No entanto, o mexicano esteve muito interventivo em zonas subidas mas também em áreas mais recuadas, onde conseguiu recuperar várias bolas e criou sempre perigo quando a soltou. Só faltou marcar aquele golo quando apareceu isolado em frente ao guarda-redes, mas a falta de pernas lixou-o. Uma última nota para Hector: perfeito a atrapalhar Mateus num lance que podia colocar o Boavista na luta pelo resultado. Excelente!

(+) O nosso povo portista. Cantar a “rotunda”? Check. Cantar o “orgulho”? Check. Invadir o Bessa com milhares de adeptos, passar o jogo todo a apoiar a equipa e criar uma simbiose vísivel com ela? Check. Sair de lá com três pontos, as vozes gastas e um sorriso na face? Check, check e oh sim, check!

(+) O sentido prático do Marega. É como tem de ser. O gajo é prático e ainda bem, se colocava a bola ainda tirava a vista a um adepto (viram o remate ao poste? Aquilo foi com a parte de dentro do pé e a baliza aposto que ficou a abanar mais que meia-hora!) e assim foi lá para dentro. Já naquela parvoíce do keeper do Boavista ficar meio minuto a tratar a relva como se fosse parte de uma espécie biológica em vias de extinção, Marega chegou lá, duas pisadelas à Samaris e siga a rusga. Gosto disto.

(-) Centrais em posse. “Não batas nos meninos que a culpa não é deles, os médios é que não estão tão disponíveis para lhes dar cobertura e não chegam dois para isso, não é? Ainda por cima não te esqueças que agora os médios trocam de posição e os laterais sobem como se fossem receber ofertórios em igrejas católicas, tanta vez que sobem e descem aquelas bandas, por isso os centrais têm de ir à procura do espaço e de saber o que fazer com a bola. Para lá disso, os avançados estão muito subidos, os médios muito distantes, os alas muito abertos e o meio-campo dos outros também existe e pressiona mais do que uma bexiga depois de seis finos! Não sejas assim, Jorge, tem lá paciência e não censures os passes longos para as couves ou as hesitações horríveis do Felipe hoje no Bessa que já duram há umas semaninhas…ou o Marcano, que espera mesmo até o outro gajo botar o pé para passar a bola e ressaltar nele, ou então quando tem oito horas e meia enquanto a bola vem pelo ar e ele pode pensar onde a colocar mas parece que oh foda-se lá vai a bola para o Boavista. Pronto, Jorge, não te chateies com eles, não? Vá lá.” Com todo o respeito, vá lá o caralho. São bons, são muito bons, mas também fazem jogos de caca e hoje foi um deles. Se na quarta-feira jogarem o dobro do que fizeram aqui, apanhamos outros tantos como na Alemanha.

(-) Hugo Miguel. Marcano protesta? Marcano leva amarelo com cara de mau. Gajo-indiscriminado-do-Boavista protesta? Leva aviso. Herrera corta a bola? Herrera leva amarelo. Vários-gajos-do-Boavista acertam nos tornozelos/calcanhares/o que funcionar para mandar o gajo abaixo? Levam amarelo. Slow. Fucking. Clap.


Continuamos na frente depois do primeiro derby e só pode ser bom sinal para o futuro. Agora, na ante-estreia marcada para a próxima quarta-feira, o épico “Leipzig: A Vingança”. Num Dragão perto de si.

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