Não podemos esquecer as referências

O FC Porto sempre foi um clube que apregoava a sua história e a firmeza das suas posições, preservando a unidade e privilegiando o que vinha de dentro. Lembro-me de ir até ao Estádio das Antas ver os treinos e depois, salivando, assistir aos jogos em solarengas tardes de Domingo, onde via “os do costume”. Sentia a força de João Pinto, a classe de Aloísio, a precisão de Timofte ou a leveza de Domingos.

Ao longo dos anos, as referências iam mudando mas havia sempre pontos em comum. João Pinto e André cederam o lugar a Vítor Baía, Rui Barros, Domingos e Aloísio, que passaram o facho a Capucho, Paulinho Santos e Jorge Costa, movendo-se a cúpula para Pedro Emanuel, Raul Meireles e Bruno Alves nos tempos mais recentes. Nem todos são jogadores formados no FC Porto, nem todos são Portugueses. As nossas figuras de proa eram reconhecidos pelos sócios e adeptos como líderes, como influentes elementos do balneário e da cultura social portista, que eram os primeiros a enfrentar as dificuldades de frente e a dar o corpo às balas quando as coisas não correm bem. Eram grandes, eram nossos, eram deuses de azul-e-branco!

Hoje em dia, onde estão essas referências? No actual plantel há alguns jogadores marcantes no presente do clube como Helton, Falcao ou Hulk. Mas haverá tantos sócios que se identifiquem com algum deles como fizeram num passado ainda recente com Deco ou Lucho? Não creio. Nenhum me parece mau rapaz, mas para subir a um patamar de um Rodolfo ou um Gomes é preciso tempo para solidificar a empatia para que se possam perdoar os erros quando fôr preciso, aplaudir os méritos e evitar endeusamentos prematuros que resultam normalmente em más memórias.

Vejo Moutinho ou Otamendi com essa capacidade. Espero estar cá daqui a alguns anos e olhando para um dos dois com a braçadeira de capitão bem apertada e dizer: “Ah, dragão, és cá dos nossos, carago!!!”.

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Tenho saudades do Boavista…

…porque gostava dos derbies da minha cidade. Isto de ver os derbies das cidades dos outros é muito bonito mas não tem a mesma piada. Mesmo sabendo que seja quem fôr que acabe derrotado será sempre uma equipa que dá gosto ver perder, assistir a uma jogatana contra a equipa das camisolas esquisitas (que é um eufemismo criado por estrangeiros para dizer que aquela treta de xadrez é feia como uma noite de trovoada) só para a ver a levar na pá dos nossos meninos de azul-e-branco é uma sensação que não tem igual. E não falo apenas pelo jogo da Luz, acontece-me o mesmo quando vejo o United contra o City, o Milan a defrontar o Inter, o Real frente ao Atlético, o Boca a lutar com o River ou o Tottenham contra o Arsenal. Ou tantos outros por esse mundo fora.

Tragam lá os rapazes de volta. Quero ganhar a alguém que jogue na mesma cidade que os meus.

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Mário Fernando. Mais uma vez. A última frase é perfeita.

Bom artigo do Luís Aguilar sobre o Sporting no seu UniversoFutebol.

Já que falei do Sporting, é por isto que não dou a Couceiro o mínimo de crédito como treinador principal. É que eu estava lá.

Fechando a pasta verde, a desvantagem de ter um adjunto com problemas a articular as ideias.

Da Alemanha aparece uma boa ideia que já não é original e que seria impecável de ver em prática no Dragão.

Em terras com reis oscarizados, gostei de saber que o Arsenal perdeu a final da Carling Cup. Gostei ainda mais da análise de um dos melhores blogs de futebol da web.

E para terminar, uma crítica aos lamentos de Mourinho vinda de Inglaterra.

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Beber da mesma água

Vi hoje cerca de cinco minutos do Naval vs Braga. O nível do futebol apresentado, ao nível da quarta divisão sudanesa, não me surpreendeu. O que me pôs com um sorriso enorme foi ver o treinador da Naval, nova quasi-coqueluche da imprensa sulista, a reclamar várias vezes com o árbitro para que fossem marcadas faltas dos centrais minhotos.

É tramado, Nepomuceno. Depois de uma carreira em que consistentemente tentaste assassinar legalmente os rapazes que te apareciam pela frente e de me deixares na memória um carrinho quase paralelo ao chão em plena levitação em que acertaste mesmo na pança do Semedo, um gajo fica pi ou até tri-urso quando o sapato está, como dizem os bifes, no outro pé.

Ainda assim não levo a mal a carreira que tiveste na nossa némesis vermelha e desejo-te boa sorte, Nepomuceno. Os teus jogadores são maus mas tu tens boa vontade e pareces gostar do que fazes. E aí, talvez longe da média portista, dou-te os meus parabéns pela carreira que tens vindo a fazer. Afinal, sempre tens mais pontos que o Sporting em 2011 na nossa Liga. E por muito que tal não seja particular motivo de orgulho, com a matéria-prima que tens à mão, é obra.

 

PS: É impossível não gostar do nome do homem. Se alguma vez pensasse em comprar um cão (acto que tem o mesmo grau de probabilidade de me fazer sócio do Real Madrid ou do Benfica, por muito boas que as piscinas fossem), seria esse o seu nome.

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