
Frio de bater o dente no Dragão, equilibrado por uma exibição morninha, simpática e acima de tudo relaxada, em alturas até demais. Nota-se que a equipa está presa no arranque, jogando a medo sem provocar grandes desequilíbrios para não se desagregar, mas a confiança ganha-se também nestes jogos contra equipas mais pequenas e temos de continuar a vencer para afastar de vez a anormalidade exibicional. Sair do Dragão descansado é algo que não pode ser episódico, tem de ser a normalidade, como aconteceu hoje. Vamos a notas:

(+) Óliver. Até hoje não consigo perceber quem diz mal dele. Não percebo, a sério. Nuno colocou-o de novo na zona central e nota-se tão bem a diferença para as partidas onde joga descaído para a esquerda porque o fio de jogo tem uma cabeça pensante, que organiza a construção e pauta o ritmo de uma forma que para ele é natural e para outros seria tão forçada. Apesar dos primeiros vinte minutos abaixo do que pode e sabe fazer, continuou a trabalhar e saiu com um golo e uma boa exibição.
(+) Jota. Não marcou mas dinamizou de uma forma audaz o ataque da equipa, aparecendo mais inclinado para a esquerda mas raramente a funcionar como ala e sim como complemento do avançado. Lutador na disputa de bola, rápido e mexido no contra-ataque, foi de novo muito importante na maneira como a equipa se foca em André Silva e Jota aparece quase sempre como o seu principal auxiliar e o seu papel desequilibrador ajuda imenso a que André tenha de trabalhar menos e ficar à espera em posição de “poacher”. Saiu bem para descansar, precisamos dele em forma!
(+) Marcano. Um golo e uma assistência fazem dele um homem em destaque no jogo mas foi também pela serenidade defensiva que marcou a diferença pela positiva. Num jogo em que dois dos colegas na zona central estiveram abaixo do habitual, o espanhol destacou-se pela tranquilidade e acima de tudo pela atenção que mostrou na grande parte dos lances em que esteve envolvido. Calmo, tranquilo a rodar a bola e a recuperar na defesa, safou-nos várias vezes depois de falhas dos companheiros.

(-) Felipe e Danilo. Não sei se ambos estiveram a jogar PES na Playstation durante a noite ou se foram beber uma ou sete finos cada um, mas foram ambos elementos abaixo do nível habitual. Felipe arriscou mesmo ser expulso (seria o segundo amarelo) no início da segunda parte num lance que me pareceu falta lá no estádio e que não vi ainda em repetição, mas não foi o único lance em que esteve mal, com vários cortes parvos e distracções que podiam ter custado caro à equipa. Danilo esteve distraído, perdeu quase todas as bolas de cabeça para os avançados do Moreirense e falhou demasiadas intercepções por não estar atento ao jogo como devia.
(-) Falta de opções válidas no banco. Certo, podia ter entrado o Teixeira em vez do André², ou o Depoitre em vez do Rui Pedro. Até podíamos ter feito entrar o Boly para o lugar do Felipe. Mas Kelvin, acabado de chegar, lá levou as palminhas da malta mas não pode acontecer muitas vezes até nos apercebermos que o rapaz não é nada de especial. Faltam opções diferentes, com estilos diferentes que possam trazer novidades no approach ao jogo porque o que temos actualmente é jeitoso mas não é bom. Como diz um amigo meu, “de gajos jeitosos temos uma equipa B cheia”. E dou-lhe alguma razão…
E aproveitamos finalmente um deslize dos adversários directos, fazendo com que os pontos perdidos em Paços se tornem ainda mais importantes. Se tivéssemos ganho esse jogo (e vários dos outros onde perdemos pontos), estaríamos agora à frente do Benfica. Era bonito, não era?
Link: