Ouve lá ó Mister – Maccabi Tel Aviv

Señor Lopetegui,

Parece que passamos mais uma daquelas absurdas fases de quebra de campeonato e neura generalizada pela ausência de jogos do FC Porto. Mais uma semana em que a malta lá de baixo se vai amassando toda com piadas e o nosso futebol está a entrar numa fase de tão baixo nível que começa a desmotivar qualquer um que gosta de ver a bola a rolar e as equipas no relvado. Gosto é de futebol lá dentro, Julen, não cá fora. Estou a ficar farto, para te ser sincero.

E é exactamente por isso que conto contigo para me iluminares aquilo que tem vindo a ser um bom par de semanas tristonhas. Espero que me consigas elevar a esse patamar de plenitude futebolística que eu sei que os teus rapazes conseguem chegar ou pelo menos que suem a tentar. E este pode não ser o jogo com maior cartaz de toda a edição deste ano da Champions. Raios, acho que nem é o jogo com mais cartaz deste mês, mas é um jogo importante de qualquer forma, um jogo em que podes começar a marcar bilhetes para Nyon ou Genebra ou Turim ou sei lá onde raio se fazem agora os sorteios dos oitavos da Champions.

Vá lá, faz-me sorrir outra vez quando vejo o FC Porto. Não é nada que esteja para lá do teu alcance.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Braga

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Que desperdício, meus caros. Insistimos nos mesmos erros que nos custam caro jogo após jogo contra equipas que passam o jogo a defender e que disputam todas as bolas como se fosse a última. E é aí que se nota mais a diferença, desde a inoperância de Brahimi ou Imbula, o “tirar de pé” de Tello ou Corona e a assustadora incapacidade de criação de jogo de uma forma consistente a partir do centro do terreno, com a busca dos corredores a ser a única forma de construção de lances ofensivos contra estas equipas tão defensivas. E, mais uma vez, não conseguimos vencer o jogo. Lá vão mais dois pontos. Notas:

(+) Indi e Marcano. Entenderam-se bem no centro da defesa e fizeram com que fosse quase impossível furar por essa zona, forçando o Braga a procurar opções pelas laterais e se conseguiram alguma coisa por aí foi por obra da inoperância dos nossos rapazes que jogaram na ala. Tanto o holandês como o espanhol estiveram rijos, combativos e práticos, o que se pede a defesas centrais que queiram jogar num clube como o nosso. E em qualquer clube, já agora.

(+) A entrada de Bueno. Ao intervalo vaticinei a saída de Imbula (que já vinha tarde) e a entrada de Osvaldo para servir como intermediário entre o meio-campo e Aboubakar. Lopetegui fez-me a vontade na posição mas mudou o nome do rapaz que entrou. E só a partir da entrada de Bueno é que começamos a conseguir criar algum tipo de perigo pela zona central em jogo corrido, com o espanhol a movimentar-se bem entre linhas e a criar aberturas para os colegas poderem subir e rematar e rematar e rematar…sempre mal, mas não por culpa dele.

(-) Apoio, apoio, onde estás? A bola segue ao longo da linha para Tello, ainda na primeira parte, enviada à distância por Indi ou Layún, fugindo-me agora o detalhe. O médio do seu lado deveria imediatamente subir para o apoiar, mas raramente o faz. O mesmo aconteceu várias vezes com Corona na segunda parte ou com o mesmo Tello na primeira, para não falar nas enervantes paragens cerebrais de Cissokho com Brahimi na sua frente, temendo subir no terreno e ficando em terras de ninguém. Não houve desdobramento táctico, apoios para os criativos e cobertura de zonas defensivas de uma forma aceitável e que impedisse que o Braga trocasse a bola no nosso meio-campo como se lá vivesse há anos e andasse a regar as plantas da sala. E a culpa aqui é de Lopetegui, pelo enésimo conjunto de alterações ao onze-base e pela falta de rotinas que os defesas (improvisados por fruto da lesão de Maicon e do castigo de Maxi) já de si exibiam com naturalidade.

(-) Ineficácia no ataque À saída ouvi que tínhamos feito quinze remates mas pareceram mais. E variaram entre o “oh, que remate tão fofo” até ao “olha este anda a ver o rugby”. Com o jogo a propiciar o remate de longe para quem não sabia mais o que havia de fazer em campo (srs Brahimi e Tello, obrigado por mais uma noite para esquecer), é notável como nem assim conseguimos criar grande perigo e o guarda-redes do Braga agradeceu quase todos os passes que recebeu e os pontapés de baliza que marcou e onde pôde perder pelo menos o equivalente ao tempo de descontos. E assim se perdem mais dois pontos.

(-) Cissokho Ando eu há que tempos a dizer que o Eliseu é um desperdício de oxigénio como defesa esquerdo e aparece-me este caramelo que parece ter acabado de sair de uma instituição onde se internou com uma depressão profunda. Nem Costa depois de Manchester ou Nuno André Coelho pós-Londres mostraram tanto nervosismo com ou sem a bola nos pés e o francês hoje mostrou que precisa de ritmo e de jogos para conseguir melhorar. Não sei se o vai conseguir, mas garanto que com jogos como o de hoje, sem vivacidade, com medos, hesitações e tremideira generalizada, está abaixo do nível “Taça da Liga” mínimo.

(-) Imbula Que belo monte de esterco produziste tu hoje, meu caro. Lentidão enervante, hesitação na altura de endossar a bola aos colegas, conseguiu levar quase quarenta mil almas a gritarem com ele depois de mais uma tabelinha para trás que travou outro lance de ataque. Começo a desconfiar da condição física do rapaz porque nunca parece estar fresco em jogo e insiste em jogar a um ritmo que não traz nada de interessante ao jogo, somando-se meia-dúzia de passes fraquíssimos que quebraram mais umas tantas jogadas. Muito mal.


Mais dois pontos desperdiçados, os primeiros em casa. Numa jornada em que um dos rivais perdeu três e outro roubou esses mesmos…só me deixa a pensar que foi um belo dum desperdício de noite.

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Ouve lá ó Mister – Braga

Señor Lopetegui,

Talvez ainda não saibas deste pequeno nugget de informação, mas este é um dos meus jogos preferidos. Desde o tempo do Karoglan e do Zé Nuno Azevedo, passando pelo Barroso, o João Tomás e o Wender, pelo Mossoró ou pelo Lima, o Braga tentou sempre lixar-nos a vida no Dragão ou lá na terra deles e os jogos costumam ser emocionantes, cheios de peripécias curiosas, bons golos e emoção a rodos. Não prevejo que este seja muito diferente, especialmente depois de os ter visto a jogar na quinta-feira passada e de ter ficado impressionado pelo ritmo e velocidade da troca de bola na frente de ataque, especialmente quando jogam no contra-golpe. Mas vi lá algumas Fonsequices, com falhas defensivas grandinhas e alguma trapalhice no câmbio da bola no meio-campo, que podemos aproveitar e bem.

É preciso seriedade para este jogo, tanto como para todos os outros, mas estava disposto a apostar que o Fonseca gostava de vencer o jogo para mostrar que é melhor do que foi quando por cá ando, seja por uma questão de orgulho e amor próprio ou simplesmente porque tem uma boa equipa que está num bom momento. Afinal, o Braga não perde há sete jogos e tem mais pontos na Liga Europa que nós na Champions e se fizermos um estudo geral podemos ver que não vão nada mal em todas as competições onde estão envolvidos. Cabe-te a ti e aos teus quebrar essa moral!

Não te preocupes com o resultado dos outros dois. Foca-te nesse jogo e dá uma alegria à malta nas bancadas que depois das notícias do IRS…hombre, bem precisamos!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Maccabi Tel Aviv

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Um jogo típico de confrontos entre equipas desiguais na Champions. Ataque, gestão, defesa, gestão, mais ataque, dois golos e uma exibição tranquila, relaxada e sem grandes complicações. Foi uma noite com poucos sobressaltos que tirando a verticalidade de Ben Haim II (ao nível dos campeonatos nacionais dos anos 90 com os Quims e Zé Pedros que também metiam os pobres cardinais romanos ao barulho) que causou algum stress, nada de muito importante que nos metesse medo. Mérito para Aboubakar e para Brahimi, os dois destaques da noite. Notas abaixo:

(+) Aboubakar. Continua a trabalhar como um bulldozer robótico, sem hesitações no momento de correr e de pressionar o adversário, recuando quando precisa para ajudar a equipa com ou sem bola. O golo é sortudo apesar da desmarcação ser excelente (fraquinhos os centrais do Maccabi, admita-se), mas o segundo golo é 80% seu, pela forma como arrasta os defesas para longe de Brahimi e lhe endossa a bola em corrida. Muito bem, mais uma vez.

(+) Brahimi. Curioso como apesar do golo que marcou até nem teve um dos jogos mais produtivos de sempre. Mais perigoso pelo meio do que pelas alas, foi ainda assim bastante dinâmico e tentou tudo para conseguir ultrapassar os jogadores que lhe caíam em frente com a finta curta e as rotações que já começam a ser habituais. Se conseguisse ordenar o cérebro para soltar a bola com melhor timing seria bem mais rentável mantê-lo em campo para lá dos setenta minutos de jogo.

(+) A efeméride para Ruben Neves. Marco a atribuição da braçadeira a Ruben Neves, apesar das condicionantes que levaram a esse acto, porque é histórico. O mais jovem capitão de equipa na Champions, um puto formado nas nossas escolas e com maturidade competitiva como poucos vi até hoje. Não quero adicionar aos elogios como já tenho vindo a fazer e prefiro ser cauteloso ao assumir que ainda possa ser cedo para ser capitão de equipa a tempo inteiro, mas que está bem lançado, lá disso não tenho dúvidas.

(-) Corona. Maxi, André e Ruben passaram metade do jogo a gritar com o mexicano para que se posicionasse nos locais certos para ajudar a defender. Não funcionou. Tentou oitocentas vezes passar pelo adversário de uma forma tão lenta que só por uma vez o conseguiu naquela finta curta parecida com a que lhe deu o segundo golo contra o Moreirense. Mas esteve muito distraído, pouco activo e displicente nos lances defensivos. Saiu tarde.

(-) Novamente em modo “andebol de onze”. Aborreces-me, FC Porto, quando começas a horizontalizar o que devias verticalizar. Em linguagem normal, passar tantas vezes a bola para o lado sem tentar furar torna-se enfadonho e apesar do adversário estar em permanência atrás da linha da bola (defender com onze contra o FC Porto é como jogar com quatro guarda-redes contra o Barça), urge criar mais jogo por zonas centrais e não depender quase em exclusivo do que os extremos possam fazer. Compreendo que tentem sempre puxar o adversário para que suba e abra espaços, mas o ritmo tem sido lento e a movimentação do meio-campo ofensivo esteve ao mesmo nível.


A meio da corrida, sete pontos não são maus de todo. Uma vitória em Israel e será quase impossível fugir do apuramento. Bom trabalho, malta.

PS: Uma pequena nota para justificar o atraso. Depois de sair do estádio cheguei ao carro e verifiquei que tinha sido assaltado. Não sei se foi o filho da puta do arrumador ou outro filho da puta que se lembrou de me partir o vidro e levar meia-dúzia de coisas da mala. Só sei que foi um filho da puta. Filho da puta. E lixou-me a cabeça ao ponto de me tirar a vontade de escrever. Enfim, coisas que acontecem. Filho da puta.

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