
Há seis anos atrás, estava eu num daqueles empregos onde um gajo chega às oito e meia da manhã e começa a olhar para o relógio às nove. Decidi na altura arrancar um blog sobre o FC Porto e não tinha ideia que seis anos depois se iria tornar parte da minha vida, um dos hobbies que mais me agrada e que continuo com prazer. Uns dias mais que outros, mas foi-se apoderando de mim um sentido de dever, de catarse que me faz relaxar mais depressa depois de uma derrota e estender um pouquinho mais a alegria de uma vitória.
Foram seis anos de piadas foleiras, trocadilhos escatológicos, críticas a muitos, elogios a muitos mais, insultos que se transformaram em comendas e outras tantas que fizeram a viagem de regresso. Muita hipérbole, demasiada sanguinidade e a tentativa de ser imparcial quando nem sempre é possível. No âmago do motivo para a existência do blog, houve títulos, muitos e variados. Houve larguíssimas dezenas de jogos no Dragão, alguns fora de portas e uma viagem a uma final europeia. Houve golos, faltas, expulsões e penalties. Houve túneis, cincazeros, cincauns e romenos a dançar em cima de placards publicitários. Houve colombianos geniais, brasileiros doidos e portugueses brilhantes. Houve loucuras, nomes inventados, poesia e bandas desenhadas. Vários treinadores, montanhas de jogadores e centenas de comentadores. Evoluí a forma de ver futebol, conheci uma enormidade de pessoas neste estupendo mundo da internet que transpuseram a barreira da virtualidade para se tornarem genuínos companheiros fora do monitor. Transformei-me numa espécie de nano-celebridade conhecida pelo primeiro nome, logo eu que raramente tenho o prazer de receber esse tratamento devido à sonoridade e unicidade do meu apelido nos ambientes que frequento. Ajudei a organizar eventos para unir bloggers portistas por aí fora e discutir o clube e a sua vida. Contribuí para um livro e fui entrevistado na televisão (olá, Mãe!). Tornei-me mais activo no Twitter e divirto-me tentando divertir os outros.
Olhando para trás, depois de seis anos, cinco treinadores, quatro campeonatos, três empregos, mais de dois mil posts e uma filha, ainda cá estou. E estarei, enquanto me der gozo. Obrigado por ainda aí estarem a ler as deambulações parvas de um puto que nunca deixará de o ser. E continuo a não gostar do Briguel.





